Filhote na gaiola
Duas mãos o enfiaram na gaiola
Mãos enormes e velhas
Comidas e sangradas pelo tempo
As mãos o perseguiram
E quebraram suas asas
Depois deram- lhe comida velha
Forçada goela abaixo
Minhocas de um solo triste
Que há muito perdera a grama.
As mãos então escancararam as janelas
Estava tudo ao alcance lá fora
Solos com grama e minhocas gordas
Mas depois taparam seus olhos
Tão sedentos por mundo novo
Depois costuraram seu bico
E ele se calou para sempre.
Pobre filhote,
Seu cérebro ferve de ideias
Mas não consegue conta- las
Então eventualmente serão esquecidas.
Nada de novo chegará aos seus olhos
E o filhote estará lá na gaiola
Vivo, sem dúvidas,
Tão vivo quanto um cadáver.