as palavras
sei que pouco consigo
quando estou ocupado,
o trabalho persigo
e um muito obrigado
uma réstia de luz
pendurou-se num poste,
madrugada vem vindo
atropela o silêncio
me habitam desejos
que me rejuvenescem
a batida de coco
ou um chá de limão
a laranja da Pérsia
persiana caída
lá no fim da avenida
o neon desmaiou
quero ser um comanche
ou um índio puri
pra sair por aí
tiradeira na mão
as palavras confundem
as palavras apelam
as palavras acenam
e há as que não entendem
o réptil sutil
o andar sensual
força descomunal
é a do pensamento
poderia compor
e depois desdizer
pelo simples prazer
de não ter feito nada
mas o som do que sou
me inclui na contenda
há palavras, entenda,
que o vento deixou