Alzheimer Profético

Ao conhecer a morfética doença

Sintetizo uma profecia mundana

Na realidade cheia de descrença

Vejo com justeza essa arte insana

A florear o córtex da sobriedade.

Na aritmética da realidade

O organismo subroga a riqueza

De tão neuronal vê na inatividade

Um miasma na profundeza

Dissecado pela existência na cidade.

É como uma análise confusa

Na preclusão da sensibilidade

Onde a amabilidade

Subsiste em aderência obtusa.

Eu me travo como fruta imatura

Sem sabor a me fazer completo

Uma pequena e ínfima criatura

Desprovida de qualquer afeto

E eu, alma conscrita no inverno

Vejo esse vazio pusilânime

Perdendo o sentido de existir.

E... A calma... Nesse inferno

Se reinventa magnânime

Como um paraíso de desistir.

É um naufrágio

E um bom mau presságio...

Talvez um sufrágio

Tão trágico e frágil...

Que desencantou o mundo...

Que desencantou o fundo...

Esse triste recado...

Que, no final, é dado...

Cuidado com...

Esse...

Mundo...

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 23/01/2016
Código do texto: T5520620
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