Alzheimer Profético
Ao conhecer a morfética doença
Sintetizo uma profecia mundana
Na realidade cheia de descrença
Vejo com justeza essa arte insana
A florear o córtex da sobriedade.
Na aritmética da realidade
O organismo subroga a riqueza
De tão neuronal vê na inatividade
Um miasma na profundeza
Dissecado pela existência na cidade.
É como uma análise confusa
Na preclusão da sensibilidade
Onde a amabilidade
Subsiste em aderência obtusa.
Eu me travo como fruta imatura
Sem sabor a me fazer completo
Uma pequena e ínfima criatura
Desprovida de qualquer afeto
E eu, alma conscrita no inverno
Vejo esse vazio pusilânime
Perdendo o sentido de existir.
E... A calma... Nesse inferno
Se reinventa magnânime
Como um paraíso de desistir.
É um naufrágio
E um bom mau presságio...
Talvez um sufrágio
Tão trágico e frágil...
Que desencantou o mundo...
Que desencantou o fundo...
Esse triste recado...
Que, no final, é dado...
Cuidado com...
Esse...
Mundo...