Intenções

É fácil confundir intenções

Muito fácil confundir sentimentos

Cada pessoa é um mundo de contradições

Mudando de tempos em tempos

Embora meu canto pareça incansável

Minha voz perde o fôlego diante da insensatez

Há algo em mim incurável:

Viver pela lucidez

Não, não gosto da embriaguez

Aquela que cega e que distorce a minha filosofia

Gosto do que embriaga sem estupidez

Algo que traga a paz sem a melancolia

Há êxtase maior que o de ter sabedoria?

O tolo dorme nos labirintos das imperfeições

E, de certo, dali não sairia

Se enxergasse apenas suas paixões

Tão doce é a palavra de quem ilude

Melhor desiludir e aprender outro caminho

Mais que sonhar é transformar em atitude

Mesmo que o melhor seja andar sozinho

Na sedução da palavra ambígua

Traduzida por um sentimento vil

O licor seduz a língua

E dela saem fantasias mil

Não podendo acreditar nos desejos

Simplesmente porque tendem a crescer

A consciência surge em lampejos

Esse é o fogo que deve arder

Lucidez tem em si a luz

Luz que ilumina a razão

Chama que me conduz

A ouvir também o coração

Não é fácil se desprender

Daquilo em que se acredita

Às vezes, é bom descrer

Para a fé ser a verdade que palpita

Quero a palavra que a alma inflama

Que não tenha sofrido por mim

Aquele que diz que me ama

Respeito e afago a quem me declama

As palavras que trazem em si

Um grande afeto no verso que proclama