Silêncio, sombras e sobras
Se o silêncio imperar, me diz como vai ser...
Se de menos faz mal, se muito só faz doer,
Foi pelo desejo insano, que o beijo roubou;
E até Estrela no céu, essa noite não brilhou.
Escapuliu, criou asas e de repente voou...
Foi ser borboleta em outro jardim, pousou,
Ai de mim, e solidão foi tudo que restou;
Virei verso avesso e assim, nada sobrou.
Se havia Três Marias, uma se ausentou...
Foi brilhar em outra Via Láctea, tão bela,
Foi ser borboleta, e colorir outra janela;
Ou será que se arrependeu e voltou?
Se silêncio imperar vou cambalear assim...
Arrastar os meus pés por entre as sombras,
As luzes noturnas levarão quase tudo, o fim;
E viverei, reclusa entre as minhas sobras.