Um suposto diálogo de Jesus com Tiago seu irmão.
Um exuberante diálogo.
Formulado por Jesus Cristo.
Ao seu irmão Tiago.
Qual motivo de salvar o espírito.
Perguntou Tiago a Jesus.
Nenhum.
Seria bem melhor.
Se pudesse salvar o corpo.
Com toda razão.
Não se salva o que não existe.
O espírito.
A alma é como o vento.
Ela voa.
Não sente dor.
Não provoca alegria.
Muito menos tristeza.
Apenas um fluido incompreensível.
Cristo ironicamente.
A alma é uma ideologia.
Indo europeia.
Formulada por Pitágoras.
Retrabalhada por Platão.
Mitologia grega.
Metafísica.
Respondeu Jesus.
Quem desejar salvar a alma.
Perderá o corpo.
A alma é uma imaginação.
Elaborada como ideologia.
Da linguagem.
Sintetizada na memória.
Quem pensar na alma.
Como castigo.
Perderá a vida.
Tudo que desejo.
É o delírio da ilusão.
Sendo o mesmo.
O céu inventado.
A felicidade.
Consiste em viver.
O mais profundo silêncio.
Quem mergulhar na loucura.
Salvará o vento, o tempo.
Da tempestade.
Naturalmente.
O que não existe não será verificado.
Apenas imaginado.
Esvai-se.
Como passagem da sombra.
Onde residem as intuições.
A moradia das almas.
Um céu cheio de gelo.
O sono é profundo.
A noite é interminável.
O brilho da luz.
Não resplandecerá.
O infinito permanecerá azul.
Entretanto.
À distância o frio.
Que mundo é esse?
A mudança natural.
De estado.
As coisas serão.
Se elas não forem.
O mimetismo das significações.
Enquanto tudo for transformação.
O que são as ideologias
Quando o corpo mudar de estado.
A natureza permanecerá enquanto for transformação.
Edjar Dias de Vasconcelos.