SORVETE DE CHOCOLATE
SORVETE DE CHOCOLATE
nada se move
a não ser a fumaça dos cigarros
o gato imóvel dorme na cadeira
os pássaros, lá fora, voam longe de minha janela
no ar o piano soa triste
o sol aquece as pedras
nada se move
minha mão em transe
corre pelas páginas, como parada
meus pensamentos congelam-se
no silêncio quebrado pelas teclas
o vento balança as cortinas
e eu de sandálias de borracha
imóvel no sofá da sala
tudo se move em palavras
mãos imaginárias
rodopiam-me entre os móveis
voo até o teto
e caio de volta
perplexa pelo espasmo da música
o sol se aproxima de minha parede
aquece minh´alma
na tarde em que chorei desesperada
e pedi um sinal a Deus
este é o poema inspirado
nos elementos que tenho agora
estou só com meus versos
e quem dera o telefone
tocasse e fosse você
convidando-me para dar uma caminhada
e tomar um sorvete de chocolate.