Animal Noturno
Sou um animal noturno
De pelo ouriçado e pouca sutileza
Me esgueiro pelos becos
Faminta de tudo
Cheia de solidão
No breu da madrugada
Meu momento
Onde me acho e me perco
Onde sinto e sou
E sigo,
Em liberdade por onde quero
Ando devagar
Sutil, vagarosa
Sempre a espreita
Serena e bruta na beleza da contradição
De papel e caneta na mão
A esparramar emoções depois da zero hora
Não demoram as palavras
Saem grossas,
Com raiva
Engolidas a seco com um gole de vinho qualquer
Guardadas, em silêncio enquanto a noite desce o véu das estrelas
Sou eu, intensa e viva
Na noite inquieta
Companheira dos bêbados e vagabundos
Dos gatos nos becos
Do silêncio da rua
Do cachorro que uiva
Na noite escura
A espreguiçar-me entre pensamentos
Porque de fato, enxergo melhor no escuro
Lamentando por um sono que não vem
Lamentando por aquilo que não tem
Enquanto a chuva espanca a Janela