Cara suja de meu irmão

A cara suja de meu irmão A Luís Henrique

Cara de lama e suor

Minha outra face olvida

Lépida, imberbe límpida,

meu sangue em forma de sangue.

A cara suja de meu irmão

é a pluma mais clara,

o espelho do antes.

Na cara suja de meu irmão

Eu sou constante.

Hoje minha cara sem lama

Inóspita, crua e distante.

Esse tal transe

de cordas que laçam o tangível,

o perecível se perde

nas lacunas lubricas de espera

pelo troco da vida.

Minha febre é fraca

Todo instante é pouco

Melhor a cara suja de meu irmão

que é pura, leve e vibrante,

Como as pálpebras dos anjos

Loiras com olhos de luz.

Meu corpo é sujo e fajuto

Sou a demora do amar de antes

A cara suja de meu irmão

Com os olhos que a vida não murcha.

Victor Leonardo
Enviado por Victor Leonardo em 10/01/2016
Reeditado em 10/01/2016
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