A vida da janela

Da janela do meu quarto eu vejo .

Ocarro voar.

O pássaro andar .

O homem se rastejar.

Tudo flui contínuo .

Sem ao menos sair do lugar .

Da janela do meu quarto eu vejo .

O cego batalhar .

O que vê apedrejar .

O mudo gritar .

O que fala se calar.

O surdo se encantar .

O que ouve se ausentar .

O rico sonhar .

O pobre conquistar .

Da janela do meu quarto eu vejo .

Os quatro elementos .

O choro .

A fúria .

O desprezo .

E a lamuria.

O humano em seu ser .

Em seu compromisso de morrer .

Da janela do meu quarto eu vejo .

A rua se alongar

E no horizonte se apartar.

O vizinho viajar

Para longe de seu lugar .

O gato escapar

Para o mundo conquistar .

A nuvem se dissipar

Com seu ciclo perpetuar .

E a vida sempre a passar

Para o destino além do mar .

Da janela do meu quarto eu vejo.

A folha se desprender.

Para seu futuro conhecer.

Encontrando outras árvores para enaltecer.

Voando até copa de ipês.

Até se assentar no solo e padecer.

Da manhã desse dia a janela do meu quarto se abriu.

O mundo vasto e belo a mim se fundiu .

Metade de meu crepúsculo então se  abriu .

Porém nada será esquecido do que se viu.

O universo de minha janela fluiu como um rio .

O laranja anis da tarde se escurece .

O véu da noite está a cair .

E minha única lamuria é de que minha janela nunca mais podera se abrir.

Da janela do meu quarto eu vi.

Juanv
Enviado por Juanv em 07/01/2016
Código do texto: T5503176
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