A última rosa no fim da estação
A última rosa no fim da estação
Cai levemente da pequena cerejeira
De chão antes coberto
Tapete que dava vida ao solo se foi
O tempo que passa
Para todos o tempo passa
O ciclo termina
Tudo tem um fim
Mas tudo que tem fim, finalidade tem.
Olhos superficiais vêem apenas seios
E não conseguem ver a beleza
Escondida no coração que está por detrás
Tem tantas complexidades de mulher
Tantas singularidades
Que o simples tolo não consegue entender
A última rosa deitada ao chão
Não representa o acaso,
Acaso é desculpa de quem não sabe ou não entende,
Sua formação, crescimento, queda e sono
São passos complexos da vida
Que na mente dos contemporâneos não tem lugar
Ocupados de suas carências
Esquecem que a vida não é sou onde estou
Todo ciclo prepara o próximo ciclo
Uma rosa que cai pode nunca mais rosa ser
Mas fertiliza onde quer que por fim se deite
Gerando nova fonte de vida
Alimentando a vida
O ciclo da vida
O caos que promove a vida
E loucos hoje não querem pensar
Refletir na vida é tempo que não querem gastar
Nascem mas nunca vivem
Morrem sem a vida conhecer
Vivendo para si mesmo se perdem
Quando morrem ainda é alimento
Que envenenam novos frutos difíceis de curar
Não vivem e não promovem a vida de ninguém
A rosa, última rosa da estação.
Nada representa para quem não representa nada.
Triste pensar que quem nada é e nada representa
Nos nossos dias representa tanto...
A voz da última rosa, um sussurro do fim da vida,
De que a vida verdadeira veio, e para dar vida ele morreu,
E para quase todos hoje, ele é tão pouco ou quase nada é.