Águas repassadas

Chove muito no verão do ano que vem,

natureza sorri, homens buscam suas tocas;

aqui me vejo, por ora, entocado também,

os sons adjacentes em seu momento zen,

soado apenas, sobre calçada, as “pipocas”...

Digo, o pipocar das gotas que caem pesadas,

contraponto ao pensar, que paira mui leve;

pois o lento repassar dessas águas passadas,

que negam em silêncio antigas frases usadas,

ousadia do silêncio, que em silêncio se atreve...

Mas, nossas “zoreia” ao silêncio, não escutam,

se faltam-lhes sons da moda, sentem-se sós;

como os “zóio” buscam seu melhor, e lutam,

pra verter em imagens onde tudo desfrutam,

o verbo Face imagem, agora habita entre nós...

Imaginação passando férias no distante Taiti

Senso crítico foi junto, dizem, meio sarcástico;

Estaria cansado de ser ignorado tanto por aqui,

Ante a expansão moderna dos insanos colibris,

Que buscam néctar fajuto, em flores de plástico...

Sigo em sinais de fumaça perdendo meu rumo,

Alertando de guerra, em senil e duvidoso vigor;

Ora erro no nível, outra, na aferição do prumo,

E as múltiplas cores desse meu ardente fumo,

Atraíram alguns amores, mas, não, o Meu Amor...

Assim, presilhas poéticas como que, se soltam,

A solidão costuma encubar do seu jeito esse ovo;

As razões do sisudo desengano até se revoltam,

Mas, como em seu ciclo, águas passadas voltam,

Esperança forma suas nuvens, e chove de novo...