Essa tal de poesia
Engraçado esse negócio de poesia.
Pega a gente de repente, sem avisar.
Lá estava eu, toda humilde com minhas crônicas e contos.
E me vejo querendo escrever poesia sobre tudo.
Penso eu, poetisa? Não!
Em um país com Drummond, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Mario de Andrade e tantos outros gênios, eu me dizer poeta é até piada.
Mas como proceder, se as coisas não vêm de outra forma?
Não se encaixa em textos, crônicas ou nada do tipo.
Desde a menina na rua até o dedão do pé, tudo vira poesia.
O bichinho da poesia se entranhou e se espalhou e você nem notou.
Quando vê já está rimando amor com dor, feliz com nariz, ou pé com chulé.
Ou se pega refletindo sobre seu andar ou o sol, ou sobre as histórias por detrás das pessoas.
Você torna bonito o que é feio, torna feio o que parece bonito.
Contradiz a si mesmo e as verdades absolutas.
Muito danada essa tal de poesia,
Te pega de jeito e você nem vê.