Para os Pessimistas de Sofá
Não sou mais criança
A Terra do Nunca é ilusão
E a máquina do tempo emperrou no modo inverso
Perdi minhas memórias, nunca serei criança
O presente é sombrio
Mas isso porque sou distraída
E esqueci de acender a luz
Não culpe seu pessimismo por seus problemas
Não culpe o mundo por seu pessimismo
Só vítimas enfraquecidas desistem sem lutar
Só eternos bebês vivem a chorar
Há mesmo tanto assim pra reclamar?
Até a melhor das filosofias
É hipocrisia se debruçada na ponta do sofá
Distante da realidade que não para de mudar
Que em seu ritmo próprio ainda está a pulsar
Não sou mais criança
Joelho ralado nunca mais será meu maior problema
E as paixões infantis que nunca vivi jamais virão assolar meu coração ingênuo
Pedi o Universo, agora tenho que segurá-lo
E não importa quão sombrias as perspectivas se mostrem
Preciso continuar
Se eu desistir de lutar, quem vai salvar o mundo?
Quem vai garantir que as verdadeiras crianças
Tenham memórias felizes como as que apaguei por covardia?
Quem vai trazer esperança aos velhos amargurados?
Quem vai abraçar o mundo inteiro com dois braços mirrados
E acreditar no melhor até beirar o masoquismo?
Quem vai abrir os olhos cegos pelo desespero real que nos assola?
Não sou mais criança
Não posso mais vestir uma capa de super herói
Nem beijar os machucados de ninguém
Sou só humana, não sou herói também
Mas foco meus olhos num horizonte mais além
Em busca da chance de fazer o bem
E qualquer um que condene meu mundo amado
Da cadeira do quarto com olhar apático
Receberá um olhar fuzilante por sua crítica letárgica
Quem condena com palavras passivas merece junto se afogar
E se ninguém tentar, a salvação será óbvia utopia
Não sou mais criança
E meu mundo de sonhos tornou-se complicado quebra-cabeça
Lute ao meu lado, se quiser
Mas não condene aquilo que não tentou salvar