Monólogos d'alma

Quando as palavras certas ficam presas na janela,

Não voam como à salvar o outro, o ser se aquieta;

E a vontade é silenciar também, para tornar bela,

A vida feia, forjada em pedra, que essa dor projeta.

Vaga no monólogo amargo dos dias, pouco colhendo,

Se alimentando de migalhas, que certas, satisfazem;

Mas essa espera por substância, desespera, e morrendo,

O ser segue, entre fel e mel, vivendo dessa blindagem.

O querer é outro, palavras são outras, mas pondera, cala,

Planta no chão a semente, e muda de lugar a flor na sala;

Alimenta a matéria, que teima em sobreviver de vento...

Alimenta a alma, determinada, correndo contra o tempo.