Consórcio
Deus me livre,
Das mentes doentes que defendem uma quadrilha,
Dos convites dos imbecis para correr uma milha;
Dos pregadores que acham que o Céu é em Brasília,
Do “zelo” seletivo dos canalhas que tanto fervilha,
Dos desonestos intelectuais;
Da “probidade” dos que dirigem lotéricas apostas,
Do que certos “amigos” falam de mim pelas costas,
Dos tribunais que rasgam leis socialmente propostas,
ainda devem ser chamados excelência” esses bostas,
Aí, tenha paciência, já é demais...
Deus me livre,
De presumir que não erro, que sou, enfim, perfeito,
Pois, rebobino a consciência sempre que me deito,
E não raro deparo com rastros de algum mal, feito,
Quiçá, de exagero quando me disponho a um pleito,
aí, se me vejo sujo, me lavo;
Afinal, quem pensa de si que muito sabiamente vive,
Porque apaga rastros fugindo da “justa” e sobrevive,
Ainda que, famoso, com grandes autoridades, prive,
Propala aos quatro ventos os direitos de homem livre,
Mas, no fundo, é só um escravo...
Pois, a vida,
Não obstante, ter alguns quilômetros de árido deserto,
Converte ao plantio em colheita, isso é mais que certo;
Quando dá cordas em rolos para os laços do “esperto”
É porque pode ignorar o dormir do presumido desperto,
E lá adiante prepara o troco;
Então escolhamos as melhores cartas para nosso pife,
Essas são armas nossas, não bens para que outro rife;
É melhor envergar sina amarga até encontrar o esquife;
Que ter um pedestal alto e caráter de um grande patife,
Que o tempo mostra, ser oco...
Deus me livre é retórica, atina,
nós devemos soprar essa bolha;
Digo, Deus faz Sua parte, ilumina,
Via escura não é sina, é escolha...