Nos Braços da Poltrona

Eu que já morri nos braços

De uma poltrona do passado

Me esqueço nos estilhaços

Que distorcem o eu, confinado.

Eu que já renasci nos braços

De um médico não renomado

Vivo apreço em desembaraços

No descaso do eu, medicado.

Eu, que já me deitei nos braços

De um divã vazio e assombrado

Onde vivi entre beijos e abraços

No mausoléu dum amor alugado.

Eu, que morri em vários braços

Só não consegui ser contemplado

Pela boa fé do tempo e do espaço

Fui por mim mesmo abandonado.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 19/12/2015
Código do texto: T5484834
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