Nos Braços da Poltrona
Eu que já morri nos braços
De uma poltrona do passado
Me esqueço nos estilhaços
Que distorcem o eu, confinado.
Eu que já renasci nos braços
De um médico não renomado
Vivo apreço em desembaraços
No descaso do eu, medicado.
Eu, que já me deitei nos braços
De um divã vazio e assombrado
Onde vivi entre beijos e abraços
No mausoléu dum amor alugado.
Eu, que morri em vários braços
Só não consegui ser contemplado
Pela boa fé do tempo e do espaço
Fui por mim mesmo abandonado.