Muitas vezes discutia comigo mesmo questões inusitadas.
Tentava entender o porquê de tantas injurias e palavras vãs
Lançadas no ar contra mim.
Fui errônea sim, mas quem não foi.

Fui um bichinho covarde
Que se escondia da realidade para não sofrer.
Fui a palhaça do circo, para fazer alguém sorrir,
Enquanto as lágrimas banhavam o meu ser.

Fui a atriz perfeita!
Que atuava no palco da imaginação,
Intercalando minha sina
Entre o bem e o mal.

Fui aquela que vestia a fantasia, dançando e cantarolando, por aí,
Quando na verdade nem estava ali.
Estava presa em mim mesma
Tentando esconder a cara, a raça, a desgraça...

Pensei que de todas, eu era a pior.
Mas descobri que nem sabia quem sou.
E se sou,
É porque agora eu sei.

Nessas viagens loucas e imaginarias das quais viajei,
Mesmo estando aqui, sem sair do meu lugar,
Insana e descrente
Ainda assim consegui passear.

Viajei os arredores dos sonhos,
Viajei no mar.
Andei, corri, cantei,
Chorei tudo o que consegui chorar.

Agora consigo entender melhor,
Que na pior das hipóteses tudo o que passei
É o que tive que passar.
E se faço ecos de poeta, é porque aprendi a amar!

Agora entendo que mesmo insana
Por tantas das vezes
Eu fui perfeita!
Se não fui, melhor!

E se hoje fui lançada num canto, feito um livro velho,
Não é porque ninguém conseguiu me ler.
E sim porque aqueles que me leram
Não foram inteligentes o suficiente para me compreender.

Essa foi a releitura que fiz de mim mesma.