confronto
Confronto
Confronto-me com os passaros saidos das arvores e caminho
Na distancia curta de pensamentos cruzados
No afloramento das ervas daninhas
Corro apressado pela noite
Onde so ficam as sombras
Indecifraveis
Temo mostrar os dedos, o rosto, a silhueta
Para que nao me reconheçam
Nao, não vou a lugar nenhum
O meu lugar é aqui
Perdido, agachado em indiferenças
Cativo dos chacais
recluso das encruzilhadas
A transpirar sangue
Não
Não vou
o vento que vá sozinho
A manhã ha-de chegar vermelha, num turbilhão de raiva
Estendida aos cabelos do sol
Com uma promessa de vingança a cumprir
E um caderno para escrever
A manhã chegará
Vingará a noite
e confirmará a esperança
Num compromisso de frutos quentes
Num sorriso mitigado
Para consolar o tempo
Agora sim
Sento-me nas escadarias da turbulencia e do medo
E desafio as ondas que choram sobre a areia
Os mastros partidos na praia
Os remos que castigam a agua
As almas que sobrevoam as pedras
Agora sim
Vou partir com os dedos desatados
E uma vontade indecifravel de gritar
Vou sossegar os medos sem pedras para atirar
Sossega-los com compaixao
Deixá-los furiosamente a latir
Ate que se cansem
Esquecidos no tempo