A Chaleira e a Alma
Pelo fogo a água cristalina nascida
É aquecida pela impulsão dos dias
E na imobilidade do corpo, como água na chaleira
É chamada para libertar-se
No aquecimento
O invólucro corpóreo, estático vibrante
Permite o metamorfosear da Alma
Chegando após tremor, no calor, ebulí-la
Ao final, a Alma num gesto de liberação
Do líquido, entra no gasoso
Sai das amarras do denso
Sutiliza, evapora rumo à liberdade
Despede do corpo,
Não deixa rastro
Dirige-se ao retorno
Muda de plano
Pelo ígneo, o líquido frio transmuta
Pela pressão e calor, evapora
Encontrando no ar o aconchego
Para assim retornar
A Alma segue, na impermanência ditada pela Lei
No ciclo contínuo, indiscutível
Luta do corpo e espírito
Vida e morte