O garoto e o Almirante
Em águas distantes um barco navegava,
Por grandes canais ele passava,
Sobrevivera a tempestades e maremotos, mas não se abalava,
Em seu comando, o Almirante estava,
Com um semblante rígido, no mar se concentrava,
O garoto ao seu lado, porém, se perguntava:
“Serei um dia um homem respeitável?
Ou terei em meu futuro um destino deplorável?”
Percebendo sua inquietude, o Almirante o perguntou:
“O que houve garoto? Parece que viu uma assombração!”
E como resposta, o garoto soltou:
“Não é nada, senhor!”, em uma rápida reação.
Não satisfeito, o Almirante insistiu:
“Há algo errado, posso perceber!”
E de forma estranha o garoto reagiu:
“Só queria o meu futuro poder prever”
Intrigado com a resposta, o Almirante o perguntou:
“Meu filho, o que quer ser quando crescer?”
E com decidida afirmação, o garoto falou:
“Quero ser como o senhor, quando eu envelhecer!”
E com um leve sorriso, o Almirante retrucou:
“Se quiser ser como eu, terá de merecer!”
Curioso com a resposta, o garoto o questionou:
“Mas senhor, para isso o que terei de fazer?”
E assim, com um discurso, o Almirante o explicou:
“Meu filho, não se preocupe! Seu futuro é promissor,
Mas lembre-se de que a recompensa só vem através da dor,
Verás que a vida não é tão fácil assim,
E seus entes queridos não viverão até o fim,
Mas nunca deixe as lembranças para trás,
Pois as memórias que deixamos, essas sim são imortais!,
Mantenha vivos, os que já não estão mais entre nós,
E não deixe os que ainda vivem esquecerem-se de sua voz.
Somente aceite a vitória, quando tiver plena certeza,
De que o mérito atribuído, é fruto de sua proeza,
E somente aceite a morte, quando se der por satisfeito,
Após ter trazido felicidade para os que moram em seu peito.”
O garoto, impressionado, pensou no que responder,
Permaneceu calado, pois não sabia o que dizer,
Mas melhor decisão, no momento não havia,
Pois apenas com o silêncio, demonstrava o que sentia.