Maquinista

Esse medo bom de repetir maus passos,

o zelo do amor próprio vigiando a porta;

dores residuais dos pretéritos fracassos,

a ilusão nova, droga, e o desejo suporta...

Vem a razão pede vistas para quem tem,

O bom siso consigo, esmerado assistente;

Põe ação e prudência como trilho e trem,

Junção que desfaz, só se houver acidente...

Mas, o maquinista da alma dorme avesso,

Vai alheio a túneis, e os vergéis arredores;

No anseio infantil de pagar o menor preço,

Se torna auto fiador de dores bem maiores...

Há beleza e grandeza nos módicos sentires,

Mas, os alvos utópicos desviam o arqueiro;

Cuja seta busca um pote no fim do arco íris,

E abdica a vez, de contemplar o arco inteiro...

A sombra corre na mesmíssima velocidade,

Que desempenham os seus perseguidores;

Erram visando no número inteiro, felicidade,

Desprezam frações nos animais e nas flores...

O tempo gasta os trilhos, termina a viagem,

Mas, corpo e alma reagem diversos à idade;

Inquiramos a tal alma, nuances da paisagem,

E ela irá nos recordar apenas, da velocidade...

O infeliz que termina, essa maratona sozinho,

Por atenção utópica, a verdadeira não presta;

Senão, saberia que, beleza margeia o caminho,

pois, no fim, nem belo nem caminho, lhe resta...