Nefelibata
Poeta não é um repórter,
Logo, não conta novidade;
É só um ser atemporal,
Portanto, não tem idade;
E diz o que todos sabem,
Dum jeito que só ele sabe...
O que faz novo, é o corte,
Que contorna seu modelito;
Pois, é próprio da sua arte,
Plasmar quanto mais, bonito;
Alheio se alguém o curte,
Desfila a sua criação solito...
Estreito consórcio com anjos,
Vive nas nuvens, daí, nefelibata;
A imprevisibilidade dos ninjas,
Qualquer mote lhe arrebata;
Alguns dizem que ele vê longe,
um tanto profética sua veia nata...
Cria como Adão inéditos nomes,
Não foge se o Criador o procura;
Não há fruto negado pra sua fome,
O Eterno lhe dispôs toda a criatura,
E a máquina de entortar homens,
não lhe entorta e, sequer, tritura...
ninguém conhece, pois poeta velho,
dado que, contra o curso, se renova;
o tempo dá mais brilho ao espelho,
pois, o rebentos que gera são a prova;
que depois de muito, qual Evangelho,
segue anunciando só as Boas Novas...