Guardiã
Poesia, essa menina adoçando o homem
Contra a amargura que sua alma infesta;
Não cura, pouco ameniza, sequer, redime,
Selvagem do bem, Tainá, guardiã da floresta,
lá onde tem lobos, serpentes, e tem crime...
Esse adoçante suave que falta para tantos,
Assim, seguem o mero pulso de veias brutas;
Apenas incham seu corpos atrofiando almas,
Só uma luz ignoradas nessas escuras grutas,
Pouco se lhe dá, se recebe vaias ou, palmas...
Veia d’água lutando no maltratado Rio Doce,
Contra o poluído rejeito que no leito está;
Certo linimento pelo refrigério que provoca,
Quem mercadeja pensando que nada se dá,
Cogita o quê, tal pródigo receberia em troca...
Ah, esse homem máquina sem lubrificante,
Ora, tal índole, apenas sensibilidade requer;
fruto da alma, como é a prece, rebento da fé;
Assim, um poeta vero, nada faz pelo que quer,
Tão somente derrama o seu ser, pelo que é...
Assim, de pântanos impuros viça a Vitória-régia,
Só figura, claro, não digo ser assim o peso desta;
Quem entende poemas fácil, liga nome e pessoa,
aí, sempre que maus bofes ameaçam a floresta,
Tainá deixa seus bichos, e sai em busca da canoa...