Da fonte

Essa acidez tão indiferente que brota

Da mesma fonte onde ternura dorme;

Não que o coração seja um poliglota,

Mas, molda seu esperanto conforme;

Conforme o páreo galopa, ou trota,

tem horas, que o aperreio é enorme...

Se dirige seu verbo a certa ingrata,

Faz da sua língua uma afiada arma;

Ou, com uma indiferente ele trata,

Resigna-se como se fosse um Karma,

Mas, maçã de ouro em salva de prata

Apenas a uma, ante a qual se desarma...

Não é gratuito, claro, que o bicho atrita,

contudo, tem certo nexo com a derme;

que uma ora se arrepia, outra, se irrita,

as razões subjazem, no mesmo germe,

ante a silhueta bela pela qual palpita,

acredita que vai expulsar seu verme...

Não é falsa a fonte dessa escura gruta

Duvido que o contrário alguém afirme;

Que o anseio é igual, mudando a fruta,

Conforme o tipo, a impressora imprime,

E são tipos diversos, o oficial e o recruta,

Coração escolhe; e, escolher não é crime...