A DAMA DO RIP-RAP
Nesta nublada manhã de novembro
As asas da inspiração me transportam
Para o ano de 1991...
Às cinco e meia da tarde
Ela caminha sobre pontes,
Pontes de madeiras velhas
Corta caminho pelo rip-rap
Até alcançar o asfalto...
No rosto o forte pó compacto
Tenta ludibriar as marcas...
Violentas lâminas um dia
Feriram o seu angelical rosto
Mais um expediente noturno
Esta à sua espera...
Na movimentada Rua Itamaracá
Onde o prazer é um produto
Ela satisfaz a...
Industriários, estivadores
Portuários, peões de obras
Mas fere sua adolescente alma
Que enfrenta os riscos da noite
Os lábios atraentes e avermelhados
Acarinham homens ébrios e suados...
Em bordeis calorentos
Nos quartos de paredes
Desgastados pelo tempo
Sobre colchões rasgados e fétidos
Ela finge delírios...
Por uns míseros trocados
Ela se despe às pressas
Deixando a amostra toda
Sua voluptuosidade
Sem se importar com
A fera que esta a espera
Para devorar toda aquela...
Mulata Beldade
E a garota do interior...
Que um dia deixou aquele cais
Não imaginava que a vida
Nesta Selva Concretude
Seria vivida assim...
Com labores carnais
Sendo alvo de criticas sociais
As quais ela desconhece
Mas esta mesma sociedade
Que lhe lança pedras
Nunca foi visitá-la
Na casa com brechas largas
Erguidas sobre barrotes,
Com o telhado cheio de goteiras...
Onde o fogão de duas bocas
Na maioria dos dias da semana
Só funciona uma ou duas vezes
O sol que agora desponta
Por trás dos sinos da Matriz
Parece não trazer-lhe esperanças
De encontrar o seu salvador
Ela abre a surrada pochete...
E esboça um sorriso cansado
Ao contar o apurado da noite
Mas tem no corpo o cheiro
Impregnado dos parceiros...
Segue para estação central
Pega o Avenida Brasil
E retorna para Compensa
Por que assim que...
Os reflexos do por do sol
Espelharem sobre o Rio Negro
Ela partirá novamente
Destinada a deitar-se
Sem saber com quem...
Em um quarto qualquer
De um Bordel Manauara
(Fábio Ribeiro - Nov/2015)
Nesta nublada manhã de novembro
As asas da inspiração me transportam
Para o ano de 1991...
Às cinco e meia da tarde
Ela caminha sobre pontes,
Pontes de madeiras velhas
Corta caminho pelo rip-rap
Até alcançar o asfalto...
No rosto o forte pó compacto
Tenta ludibriar as marcas...
Violentas lâminas um dia
Feriram o seu angelical rosto
Mais um expediente noturno
Esta à sua espera...
Na movimentada Rua Itamaracá
Onde o prazer é um produto
Ela satisfaz a...
Industriários, estivadores
Portuários, peões de obras
Mas fere sua adolescente alma
Que enfrenta os riscos da noite
Os lábios atraentes e avermelhados
Acarinham homens ébrios e suados...
Em bordeis calorentos
Nos quartos de paredes
Desgastados pelo tempo
Sobre colchões rasgados e fétidos
Ela finge delírios...
Por uns míseros trocados
Ela se despe às pressas
Deixando a amostra toda
Sua voluptuosidade
Sem se importar com
A fera que esta a espera
Para devorar toda aquela...
Mulata Beldade
E a garota do interior...
Que um dia deixou aquele cais
Não imaginava que a vida
Nesta Selva Concretude
Seria vivida assim...
Com labores carnais
Sendo alvo de criticas sociais
As quais ela desconhece
Mas esta mesma sociedade
Que lhe lança pedras
Nunca foi visitá-la
Na casa com brechas largas
Erguidas sobre barrotes,
Com o telhado cheio de goteiras...
Onde o fogão de duas bocas
Na maioria dos dias da semana
Só funciona uma ou duas vezes
O sol que agora desponta
Por trás dos sinos da Matriz
Parece não trazer-lhe esperanças
De encontrar o seu salvador
Ela abre a surrada pochete...
E esboça um sorriso cansado
Ao contar o apurado da noite
Mas tem no corpo o cheiro
Impregnado dos parceiros...
Segue para estação central
Pega o Avenida Brasil
E retorna para Compensa
Por que assim que...
Os reflexos do por do sol
Espelharem sobre o Rio Negro
Ela partirá novamente
Destinada a deitar-se
Sem saber com quem...
Em um quarto qualquer
De um Bordel Manauara
(Fábio Ribeiro - Nov/2015)