Cem perdões sem perdão?

Preciso fechar os meus olhos, não posso olhar...

Mas como faço, para escrever os meus versos?

Meu teclado é simples, em braille poderia versar,

Quem sabe, voar mais baixinho por esse universo.

Não posso olhar, vou desviar a atenção, mas como?

Apenas um olhar, e sobra tentação, perco a razão,

Não o sono, nem a inspiração, mas sofre o coração;

Respingos de pensamentos contraditórios, tomo...

E descem amargos, fel que meus lábios não querem,

Mas se meu olhos me ferem, e minhas mãos escrevem;

Não leio mais nada, fico inerte, vaso solitário na sala,

Verbo guardado na alma, olhos fecham, boca se cala.

Cem perdões então peço, na contagem que passou de mil,

Atrapalhada em versos, teço, sorrisos em forma de letras;

Frases desajustadas e feitas, escritas certas, e por um fio,

Vago, noite escura e silenciosa, por entre as tintas pretas.