SOBRAM POUCOS DIAS
Sobram-me poucos dias para viver,
Perdi muitos sem os ter vivido
Como devia de ser,
Fiquei desiludido.
Já são poucos os dias que me sobram,
Dei os que achei que tinha a mais,
Fiquei com os piores para viver,
Estou assim a sofrer.
Os dias que me sobraram são os piores,
Os melhores perdi sem saber como,
Só sei que são poucos os dias,
Que tenho como meus.
Os dias além de poucos são muito curtos,
Não dão para ainda gozar a vida,
Serão uma passagem sofrida,
São dias absurdos.
Estes dias são sombrios, húmidos e de chuva,
São dias impróprios para apanhar a uva,
O que se aproveita destes dias,
São fracas iguarias.
Há dias e dias, passam velozes, sempre a correr,
Ninguém os agarra, eles se escapam
Entre doenças e desenganos,
Causam enormes danos.
Um dia hão-de os dias acabar, sem dom e glória,
Deixaremos de existir para sempre,
Cancelam-se os compromissos,
Ficaremos submissos.
Ruy Serrano - 17.11.2015