CENTELHAS DE VIDA
No início, como uma chama ardente,
Com toda alegria e esperança,
Com todo vigor e entusiasmo,
Com toda força e confiança
Enfrentava o trabalho.
Não tinha seca e nem inundação,
Não tinha espinhos e cardos,
Não tinha nenhuma maldição.
Era só cuidar e lavrar
Que a natureza correspondia.
Sem estresse, cobranças, competições,
Assim Adão vivia.
O trabalho o dignificava.
De certa forma, o completava.
Era parte de sua felicidade
Junto com sua cara-metade.
Até que...
Um dia,
Pecou.
Adeus boemia!
A terra passou a ser sua rival.
Tudo seria dificultado.
A desobediência ao Pai
Resultou nas conseqüências do pecado.
Hoje, a herança maldita continua.
Iniciamos numa empresa com toda vida.
Até que, os espinhos e cardos aparecem,
Início de nossa sobrevida.
As metas inalcançáveis,
A exploração de toda sorte,
As cobranças desmedidas,
Até nossa própria morte!
Morte emocional,
Morte dos sonhos,
Morte dos ideais,
Profissionais sem sono.
Um caminho sem volta,
Uma roda-viva de morte,
Um ciclo doentio,
Não há quem suporte.
Chega o momento que não aguentamos mais
E começamos a agonizar.
Capitalismo Selvagem,
Até quando tal mal nos causará?
Ó Juiz de Toda Terra!
Vem com Teu anzol e cabresto
Julgar estes selvagens opressores,
Retribuindo-lhes o devido preço.
Olhe por nós!
Precisamos de trabalho com vida,
Com igualdade e qualidade,
Com respeito e equidade...
Não suportaremos por muito tempo,
Pois está chegando a “hora da partida”.
Não somos mais jovens vigorosos,
Restam-nos poucas CENTELHAS DE VIDA!