Eu, o reflexo do meu reflexo
É você mesmo,
estranho reflexo de mim?
Esse brilho no olhar vazio
doravante espelha o meu?
É como pareces tu,
que pros outros pareço assim?
Há mais genuíno espelhado,
para estar certa de que sou eu?
Quem me sorri invertido
com o mais puro viés de dor;
Espelha o meu sorriso
tanto quanto acolhe o meu sofrer?
Ou simplesmente me mostra como me vejo
e ignora o meu clamor;
E ao mesmo tempo debocha
da minha inútil tentativa de não ver?
Quão patético pode ser
isso que eu agora percebo?
Preferir até o meu degradante reflexo
Ao meu próprio e verdadeiro eu;
Como pode ser tão real e ilusório,
isso que eu agora vejo?
Amar mais até tu e teu reflexo,
do que a mim e ao meu.
Bárbara Dias