Enfermidade

Um pouquinho de sabão dá muitas bolhas,

E crianças vibram ante essa fugaz alegria;

Mas, buscar por frutos, encontrar só folhas,

mal de adultos, feitores ágeis da hipocrisia;

certos vinhos, melhor ficarem sob as rolhas,

pois, abertos, o bom paladar os recusaria,

tipo, ouvir aos que medem minhas escolhas,

com a régua maluca de suas idiossincrasias...

Não se recolhem brasas de fogos de palha,

a chama dormindo vão-se a luz e o calor;

há uma diferença entre o probo que falha,

e o que, no lamaçal dos vícios é morador;

chuva é a única razão de ser de toda calha,

no tempo bom, é dispensada do seu labor;

Mas, a língua ociosa todo tempo “trabalha”

As brasas da maledicência, lhe dão calor...

Assim, o homem avisado não cai nessa pilha,

Pois, suas escolhas é o bom siso que norteia;

No mar da mediocridade, não teme ser ilha,

Entre sábios garimpa, sonhando com a veia;

É corcel dócil, porém, nem sempre se encilha,

Sua doçura é um tanto seletiva, apenas, meia;

Tem lá os seus lapsos, seus tropeços na trilha,

Somente não sofre, pela enfermidade alheia...