Folhas secas

E a palavra desce rasgando, o peito sangrando,

Parece esperança que aos poucos vai acabando;

O fim, e o perdão não dito retalhando os inteiros,

Meios sofríveis, seres juntando grãos no celeiro...

Restos de vida, plantadas em terras áridas, secas,

Aguadas pelo choro da alma, que vai fertilizando;

Ah! Quem dera fosse tudo loucura, amarelas cercas,

Circundando casa verde, que a cor vai desbotando...

Estendida a mão, fica no vazio esperando o nada,

Crente que a vida é mais que isso tudo, dor desata;

Desprende, desgruda, diz adeus, mas segue calada,

Com sorriso nos lábios, e o peito virando sucata...

E por entre as folhas secas, os pés vão avançando,

Caminho solitário, de alma companheira, relicário;

Tão raro, que a poesia vai desenhando, contornando,

E a cada dia que passa, a vida vai cobrando honorários.