Aos patriarcas da sociedade ocidental
As dádivas helênicas
O berço da filosofia, útero da democracia
Não a primogênita, tão pouco a ultima
A nos agraciar com a mais pura demonstração
De nossa mente imunda
Hoje
Corrompidos
Em oposição a pureza
Nos possuímos pela áurea trêfega
Porém para nos assemelharmos aos Anfitriões de Platão
Límpidos possuidores da verdade feita
Nos escravizamos repetindo as tradições gregas
Os pessimistas advertem sobre a nossa decadência
Descivilizados na selvageria que nos assenta
Sem considerar a linearidade das sequências e consequências
Nossas disputas pelo poder
São as mesmas que estilhaçaram as acrópoles de Atenas
Organizados nos mesmos quebra-cabeças
Filosofando sobre a democracia e sua beleza
Prosseguimos tão imundos como nossos irmãos da antiguidade
Nos matando como os nobres da realeza
Esparramando o sangue dos condenados a nossas pessoais sentenças
Tão blasé como os espartanos diante à suas conquistas sangrentas
Gratifico ao povo grego
Que inocentemente nos presenteou com o entendimento
Não com o inteligível mundo e seu descobrimento,
Foram exemplos
Os criadores de nossos templos
Não sujaram-se, encardiram-se neste porto em desenvolvimento