Hipnose

Às vezes penso nas coisas que escuto,

E reputo mais do mesmo, lugar comum;

Algum efedapê disse aquilo primeiro,

E o zé cordeiro repete o mesmo zumzum;

Sempre que as meus neurônios recruto,

Comparecem; digo, pelo menos um;

Esse analisa, se verdadeiro, ou, fajuto

Senão, chuto o balde sem medo algum...

São dóceis manipuláveis os humanos,

E não falta quem os queira manipular;

Pensamentos pré-fabricados sob panos,

Que é uma maneira de não se pensar;

Cérebro lesos preferem inda a infância,

Como se, abstrações devessem ser táteis;

Eis os milhões, na passeata da ignorância,

Pós ídolos de pano, em andores voláteis...

O “eu” inútil sumido na vastidão da massa,

Mera formiguinha na visão de um drone;

Claro no meio há divergentes como a passa,

Mas, no fundo o que resulta é o Panettone;

Essa tortuosa geometria que sobra do rebu,

Faz presumirem de oito lados o decaedro;

Digo, em defesa de Joãozinho que está nu,

Bradam furiosos o desagravo de Pedro...

Quisera “fazer assim” e desfazer a hipnose,

Pra que o sujeito, enfim, fosse livre do transe;

E tomasse da real, que fosse, uma overdose,

Isso não mata, apenas, o cenho acorda, franze;

aí, veria o tal, que ainda pulsam as suas veias,

E como um ser arbitrário ainda pode pensar;

Mas, quem tanto defendeu mentiras alheias,

Estranha a verdade porque fere ao paladar...

O paladar adquirido em lixópolis é sui gêneris,

E rejeita tudo o que lhe pareça assim, diverso;

Não descola da fraternidade de congêneres,

se acostumou ao bando, não marcha disperso;

Dizem que o sapo morre na caneca e não salta

Se, posta no fogo a água aquecer aos poucos;

Sente o calor subindo, não identifica o que falta,

Assim, se portam os fanáticos políticos, loucos...

A Síndrome de Estocolmo que, então, se verifica

Põe as vítimas simpatizantes dos seus algozes;

Pior, se fazem adversários furiosos de quem critica,

Pois, acostumaram apenas com as lisonjeiras vozes...

Lhes bastaria como alimento a verdura da grama,

Ruminar patranhas ideológicas lhes é tão normal;

Que quando seu guru mor surge atolado na lama,

Entram todos, dizendo que lama é medicinal...