Soneto ao tempo
Admirar o tempo, de certa forma é o que me basta
cantando alegremente nas margens
da existência como enchente que arrasta
a nostalgia oriunda das viagens.
O tempo suavemente afasta os acontecimentos, deixando
guardado em baús seguros, gerando uma nova fonte
que se infiltra no existir e, apesar de tudo, vai cantarolando
entre os cenários infinitos que se projetam no horizonte.
O tempo refigura semblantes no amarelado espelho
que contemplou tantos tempos e ainda me vejo
inquieto e sereno, porém, mais velho,
renascem tantos sonhos assinalado pelo desejo.
Retorna o tempo, como uma atemporalidade fortalecida,
é o meu companheiro se diluindo na vida.