Circunstancial
Ora o fado,
É prolixo com corrupto ante plateia dócil,
Excitado como cientista perto do fóssil,
Vasto, como o latifúndio de um Duque;
Outras vezes,
É módico como salário de um professor,
Oculto, improvável, qual franco atirador,
Lacônico como feedback de Facebook...
Quer dizer,
Assim nos parece do jeito como o lemos,
Reféns que somos das coisas que vemos,
São nossos olhos que captam esse feitiço;
Pode ser,
Que da verdade a gente até se distancie,
Quem sabe, muito mal ao dito cujo avalie,
E bem no fundo, ele nem seja tudo isso...
Pensando bem,
Que importa se as coisas são como parecem,
Ou, amiúde, as percepções que nos aquecem,
São filhotes de nossos sonhos, nossas ânsias;
Pois, no fim,
Nossa vontade acaba moldando ao porquê,
E bem disse o filósofo hispano Ortega Y Gasset,
Que o homem é o homem, e suas circunstâncias...