Exógeno

A paisagem da janela do trem

grita pra mim,

não, não, não, não,

o seu lugar não é aqui.

- Não me acompanhem,

meu GPS é uma borboleta

indecisa e amnésica.

- Também estou perdido.

Não faço plano de voo,

não tenho meta a atingir,

não amo o suficiente;

temo os dias de sol.

Respiro, ingiro, defeco,

faço sexo.

sou humano [sic]

como qualquer um.

Não espero descanso,

não penso tanto,

piloto automático

no fuck u e pronto!

E um dia,

depois do meu passamento,

terão de escrever na lápide fria:

“Aqui jaz a matéria

que compôs o poeta.

Ele nunca esteve aqui”.