Asfixia
mais uma vez sinto os anéis da grande serpente da vida me apertar.
lenta e gradativa me enredeia em seu abraço amigo e justo,
que se revela ambiguamente mortal.
mais uma vez sinto o bafo quente do tempo me assoprar a nuca
a medida que penso o deixar para trás,
mas na retaguarda fico eu, vendo passar anel após anel.
meu pior amigo, o pior companheiro.
ambos se conhecem e trabalham em conjunto de tal modo…
modo tal que não consigo mais reconhecer quem é.
dos dois o pior.
nem mais me reconheço.
vai chegar o dia que o bafo quente me ofuscará os olhos,
e o anel mais alto me apertará a garganta,
não como esse aperto diário em meu peitogarganta
mas um definitivo, o derradeiro, o último.
the last.