Soneto de desolação

Quanto mais tempo e mais forte seja desprezado

o peito que por tal tanto amor foste derramado.

Quanta desolação existirá envolvida e tal lástima

será a eterna sensação de perda e falta.

Quanto desprazer cabe em tão poucos segundos

da vida que resta em cada gota de amor profundo.

Que por cisma e petulância insististe em dar-se

por tão mesquinha e ingrata paga que lhe apresentaste.

Ainda que deveras tenha tido dito infortúnio,

cuja qualidade soubeste antes mesmo da investida,

que por mais preventiva a moira não impediu.

Soubeste tal ser vivente que todo o pecúlio,

quão grande pareça em vão e breve partida,

jamais substituirá a real entrega de outra vida.

Helder S Rocha
Enviado por Helder S Rocha em 13/10/2015
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