Pelas coisas que poderiam ser e não foram

Um minuto de silêncio pelas coisas que podiam ter sido e não foram

Silêncio pelo útero que nada gerou

Pelo navio que naufragou

Pela criança que morreu

Pelo país que na mão de seus donos sofreu

Pelo emprego que o moço deixou

E pelas verdades que não correram pelo rosto de quem nunca as falou

Um minuto (ou mais) de silêncio

Pelas coisas escondidas ou ocultadas

Pelas moças corrompidas e, por dentro, assassinadas

Pelos futuros dissolvidos

Pelos problemas simples porém nunca resolvidos

Pelas conversas francas que nunca aconteceram

E pelos viajantes que nunca ao seu destino chegaram.

Um minuto (ou uma hora, quem sabe) de silêncio para tentar entender por que e por culpa de quem essas coisas não foram o que deviam ser

Às vezes, acontecem em nome da guerra ou do dinheiro

Ou, talvez, pela inveja, pela ganância ou pelo pior tipo de anseio

Às vezes, por causa de nomes, gostos ou ideias que diferem – sempre irão diferir e devem

Ou por razões que nem os mais sábios e velhos compreendem

Às vezes, talvez, por razão alguma

Mas desejemos o melhor e dediquemos o nosso silêncio para aqueles que não conquistaram coisa nenhuma.