Estimulantes

Essa mania doentia de plantar tantas flores

Quando a moda insiste em cultuar espinhos,

Nos faz considerar quanto valem os valores,

Pois, a eterna disputa entre dois senhores,

Foi prorrogada, ainda vai durar um tantinho...

O gato mansinho uma hora expõe suas unhas,

E risca a pele que antes aqueceu o seu ronron;

A vetusta hipocrisia e todas as suas alcunhas,

Alarga a fenda como no consórcio das cunhas,

Mas, vem o fato sisudo e desmascara ao som...

É um Teatro do Absurdo, como versou Sartre

Sim, tem horas, que ébrio, claudica o sentido

Mas, careço da sobriedade por minha parte,

Se submergir a tal lama, me igualo e destarte,

Começaria acreditar deveras, no que, duvido...

Não penso que seja única a decepção minha,

Há tantos melhores por aí, aceito sem custo;

Existem mais galos empenhados nessa rinha,

Que sempre que a espada da ira sai da bainha,

Sacam-na movidos por um anseio, mui justo...

Contudo, o triunfo da maldade parece a regra,

Se vou ao Coliseu, é apenas em nome da vaia;

Não faz minha alegria o que a tantos alegra,

Pois, sempre que a integridade se desintegra,

Soa qual estímulo para que outro íntegro caia...

Contudo, se pode olhar um tanto mais além,

Antes de corar sob a moderna pecha de otário;

Não que seja indolor, dado o veneno que tem,

Isso é um débil estimulante aos olhos de quem,

Aprendeu olhar o majestoso estímulo do Calvário...