O Conjunto

Nada esperar de onde não vem,

É saúde pra alma, mesmo ao peso,

De parecer que abdicamos um bem,

Mas, como perder o que não se tem?

É só engano, esse senhor mui obeso...

Não mais aguardar que o fone toque

Nem vermos nas coisas vãs, boas novas;

Importante é cambiar assim, o enfoque,

À vezes devemos tratamento de choque,

Ao ferro ilusório, o calor real que prova...

Nem sempre são oportunos nossos loas,

Ignoramos o naipe, e nos basta ser um ás;

E vemos quais oceanos, módicas lagoas,

Em maus passos, lapsos de gente boa,

E em boas obras, máscara de gente má...

Superestimamos a uma faceta pontual,

Desprezamos o risco protegendo a cobra;

Ao curso d’um tempo surge o ato desigual,

Destoando da imagem plasmada inicial,

não parece mais, belo, o conjunto da obra...

Assim, maceram nossa ingenuidade gasta,

Atribuindo a uma santa, o que a puta, pariu;

Resta a tardia ira, e na farsa dar um basta,

Logo, ilusórios elementos o vento arrasta,

E vemos a plenitude de um conjunto vazio...