Necessária Poesia

Poesia, o que seria de mim sem a tua existência?

Certamente um condenado à demência.

Poesia discreta, secreta, alucinante.

Poesia escancarada, vidrada, danada, marcante.

Poesia cantada, misturada, exalada, delirante.

Poesia amada, alterada, engajada, ultrajante.

Poesia matreira, poesia ligeira,

curtas estrofes registradas com força e paixão.

Poesia miúda, intensa e profunda,

que invade a alma, conforta e acalma as agruras da solidão.

Palavras ao vento, frases estranhas,

arguto construto de um sentimento que emerge das entranhas.

Poesia sincera que a tristeza desvela e nos obriga a pensar.

Paradoxo monólogo que pelas palavras revela o mal estar.

Bálsamo escrito que insufla os sentidos

e que aplaca a raiva do corpo condoído.

Poesia farsante, escrito teimoso que nos faz delirar.

Poesia escondida, escrito tinhoso, que regurgita a angústia que não quer calar.

Poesia tormento, ansiedade e lamento

reunidos em crispados fragmentos.

Poesia inclemente, que mexe com a gente,

que desafia o poeta a insistir na insistência de relatar os dilemas da sua vivência.

Felicidade, prazer, amor, delicadeza e amargura unidas sem pudor.

Experiências, vivências e emoções adornadas com singelo fulgor.

Poesia necessária, o que seria de mim sem a tua presença?

Um eterno prisioneiro de uma perpétua abstinência.

G_Bienenstein
Enviado por G_Bienenstein em 01/10/2015
Reeditado em 02/10/2015
Código do texto: T5400910
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