Necessária Poesia
Poesia, o que seria de mim sem a tua existência?
Certamente um condenado à demência.
Poesia discreta, secreta, alucinante.
Poesia escancarada, vidrada, danada, marcante.
Poesia cantada, misturada, exalada, delirante.
Poesia amada, alterada, engajada, ultrajante.
Poesia matreira, poesia ligeira,
curtas estrofes registradas com força e paixão.
Poesia miúda, intensa e profunda,
que invade a alma, conforta e acalma as agruras da solidão.
Palavras ao vento, frases estranhas,
arguto construto de um sentimento que emerge das entranhas.
Poesia sincera que a tristeza desvela e nos obriga a pensar.
Paradoxo monólogo que pelas palavras revela o mal estar.
Bálsamo escrito que insufla os sentidos
e que aplaca a raiva do corpo condoído.
Poesia farsante, escrito teimoso que nos faz delirar.
Poesia escondida, escrito tinhoso, que regurgita a angústia que não quer calar.
Poesia tormento, ansiedade e lamento
reunidos em crispados fragmentos.
Poesia inclemente, que mexe com a gente,
que desafia o poeta a insistir na insistência de relatar os dilemas da sua vivência.
Felicidade, prazer, amor, delicadeza e amargura unidas sem pudor.
Experiências, vivências e emoções adornadas com singelo fulgor.
Poesia necessária, o que seria de mim sem a tua presença?
Um eterno prisioneiro de uma perpétua abstinência.