LÍNGUA
A lâmina afiada
Que fere
E mata sem dor,
O sulco do beijo
A saliva do amor,
A viúva negra
Solitária na sua sina
Vago caminho
Da renda do leito
Despojando o rico troféu
No nicho escuro
Enganando o predador.
A fala
Instrumentalizando
A língua
Palavra mal dita,
Um terror.
Se o afago
Não for sincero
Engula ao silêncio
A dor.
A Heresia,
A profanação do templo
Marcas de cicatrizes
Mal curadas
Na lembrança
Da inocência
Sepultada.
A leviandade
Da vida
Num modelar falido
Sem guarida
Singrando
Os mares
Infestando a terra:
Com falácias desprovidas.
Belo Horizonte, 16 de julho de 2013 – Atalir Ávila de Souza