CIDADE ALERTA
A cidade está em trevas
Nem o sol apareceu
As estrelas
O azul
As cores
Apagaram-se
Os sorrisos amarelados
As praças vazias
As ruas vazias
Vazios todos os homens
Vazios os meus poemas
Muitos vazios enchem o espaço
Porque a cidade está alerta
Espreitando alguma coisa
Diferente daquilo tudo
Que o mundo da visão cosmopolita
Digere e alimenta
Todos os viciados e dependentes
Que a metrópole esconde
Nos rostos belos
Nos castelos
Nos templos
Nas escolas
Nos melhores berços
Por trás dos terços
Dos beijos e dos abraços
Dos laços
Dos percalços
Da vaidade
Do descontrole da razão
Da crise da emoção
A cidade é uma fogueira
Parecendo arder em brasas
Alerta
Sempre alerta
Porque todo santo dia
A delinqüência caminha
Muitas estórias e fatos
Muito choro
E o retrato
Da cidade não é de festa
É uma cidade
Em ruinas
São ruinas em alerta
Pessoas que boquiabertas se apavoram
Esbugalhando os olhos e o coração
Parecem chamas apagadas
Ardendo em esperanças
Numa cidade em completo descontrole