Exorcismo
Contudo, vigio essa janela,
Para ver quando ela passa;
Passam tantas antes dela,
Mas nada ofusca minha bela,
Dona de ímpar, singular graça...
Porém, desgraças as tardes,
A espera vã, me põe aflito;
Esses anseios quais covardes,
Temem imaginários alardes,
Forjam utópicos conflitos...
Mas, anseio sobrepõe ao medo,
E sofro sempre o mal menor;
Digo, sou paciente nesse enredo,
Esperando doçura do arvoredo,
Que insiste em avesso sabor...
Todavia, o amargo é menos ruim,
Que a amargura do desespero;
Claro, é só meio de negar o fim,
É plasmar um imaginário sim,
Ver o meio posando de inteiro...
Entretanto, mantenho o vulto,
E pouco a pouco a dor se some;
Exorciso fantasmas nesse culto,
O tempo, ao sentir, oferta indulto,
Digo, vai matando o infeliz, de fome...