Mundo Perdido?!

Onde estão os laços afetivos que brotavam nas ações das pessoas?

Onde estão as faces despidas de mentiras nestes rostos mascarados?

Onde está uma gota de compaixão nesses corpos alienados?

Onde está o riso de uma criança nesses adultos cegos e plastificados?

Vejam o avanço tecnológico de nossas ações mesquinhas,

Vejam a felicidade compulsiva no consumismo que nos escraviza,

Tu já não estás satisfeito com o que ontem tanto exibias e tinhas,

Precisas de um novo objeto para mascarar o vazio de tua garrida vida?

Vamos envenenar mais árvores, oceanos e vegetações inteiras,

Vamos contaminar os ares com combustíveis fosseis a todo instante,

Vamos infectar as crianças com competitividades e cobiças traiçoeiras.

Do que adianta haver liberdade, se não posso nem ser quem eu sou?

Do que adianta oceanos de liberdade, se nossa integridade naufragou?

E o sol da liberdade em raios fúlgidos são promessas e encenações?

Liberdade de pensar, de ser e de se expressar são apenas ilusões?

O caminho da liberdade é a senda de shopping e de modismos?

A senda da felicidade é a obsessão pelo prazer e pelo materialismo?

Monarquismos, idealismos, a república é uma faceta de fascismos?

O caminho do capital é derrubar, é toda forma de egocentrismo?

As grandes corporações te transformam numa marionete alienada,

Você sente uma ânsia insana em possuir cada mercadoria anunciada,

Você é um dependente das novidades tecnológicas propagandeadas?

Tua alma não passa de um despensa de mercadorias encaixotadas?

Vejam as enormes caravelas a explorar os lugares desconhecidos,

Vejam os nativos e os índios assassinados pela ambição do poder.

Nações e nações saqueadas para expandir a cultura dos enriquecidos,

E a história não registra o sangue derramado pelos adoradores do TER.

O dinheiro virou o grande deus há vários milênios nesse mundo,

As pessoas rezam, oram, matam, mentem, inventam guerras

Para aumentar seus patrimônios e lucros já tão profundos,

E a ganância do coração e dos olhos querem novas colônias e terras.

Veja a tua vida: crescer, estudar, um excelente emprego e salário,

Tua vida se resume a isso? És apenas mais outra lucrativa repetição?

As mídias ditam e regem os comportamentos e ideais de teu coração?

As novas tendências da moda vestem e maquiam o teu ser tão otário?

Teu trabalho honesto é a tua suprema gaiola em que vives e cantas;

Tua família mal te conhece, teus filhos já nem dialogam contigo;

Tempo é dinheiro, não perca tempo, logo esqueça teu raros amigos,

Esqueça teus princípios; tua vil humanidade a tudo desencanta.

Não pense, não questione: és uma máquina inconsciente a todo vapor.

Fuzile teu sentir: para que emoções se o mundo todo é um covil?

Não questione ordens; seja produtivo: ame o que você consumiu;

Lembre que não te pagamos para filosofar sobre a essência do amor.

Os piores assassinos nunca puxaram o gatilho de uma pistola;

Os piores assassinos usam os uniformes e os mantos da constituição;

Os piores assassinos matam com seus discursos e palavras e cartolas,

Os piores assassinos criam desgraças que só geram lucros e produção.

Quando vamos arrancar esses abutres do poder executivo?

Quando vamos arrancar esses canalhas do poder judiciário?

Quando vamos arrancar esses ratos sórdidos do poder legislativo?

Mas o povo adora ganhar dinheiro fácil

E eles festejam e nos chamam no senado de idiotas burros e otários!

Ouviram do Ipiranga novas mentiras e outros débitos,

Deitados em berços esplêndidos vivem nossos reis e comandantes,

E não ouvimos a dor dos mendigos, dos doentes, dos trabalhadores,

Desse povo heroico, egoísta, lutador e tão pilhado o brado retumbante.

A minha pátria não é garrida, nem revela os lábaros enforcados;

A minha pátria é desolação de tantos caminhos esburacados,

A minha pátria é a desolação dos homens e mulheres olvidados,

A minha pátria é a caravela militante e deveras milenar

Que bebe a candura das crianças, que devora dignidades

E urina os nossos cadáveres no fundo mar das desigualdades.

E a corrupção não pertence a só dois partidos,

A corrupção é o nosso sedento pão onipresente:

Nas colas das provas, nas filas dos idosos e doentes,

A corrupção se enraíza em tudo o que a alma afaga e sente;

É falta de honestidade e consciência em cada ato decorrente.

Não somos uma alcateia de sistemas programáveis e deletáveis?

Não somos uma manada de entretenimentos controláveis?

Não somos meras ferramentas que depois são substituídas?

Não somos esse esterco de sistema que sucumbe as nossas vidas.

Ver além das mansões luxuosas, das aparências e de seus empregos.

Do que adiantar ganhar o mundo inteiro e não encontrar a si mesmo?

Ver além do que reluz, além de cédulas pintadas e de lucratividade...

O pôr do sol, um beijo: quando buscarás a tua verídica realidade,

Quando lutarás pela tua honra, teu caminho e por tua veraz felicidade?

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 25/09/2015
Código do texto: T5394468
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