Uvas bravas

Ah, a nossa geração, eterna imatura,

Quisera, um pouco, amadurecesse,

porém, o tempo se esforça, e nada;

a ela, educação parece mera frescura,

gentileza, refino, não mais que interesse,

elogio sincero é só uma simples cantada...

Não vão além de predadores e presas,

como em humana selva, lugar pra caça,

nenhum espaço para uns valores além;

melindres apressam ridículas defesas,

num testemunho contra a caída raça,

que tem muito pouco, e dá só o que tem...

Quantos frutos sonegados, espera é vã,

pois nascem uvas bravas em sua videira,

numa triste degeneração da boa natureza;

sendo hoje assim, que esperar do amanhã,

deveríamos ser, antes, como a seringueira,

que mesmo ferida inda oferta a sua riqueza...

Mas, “damos” só borracha que apaga valores,

se forjam dela uns pneus é para estrada larga,

exercemos a legítima defesa do fraco medo;

sim, é fome não coragem que faz predadores,

nem sempre é a força que sustém uma carga,

almas doentes são complexas no seu enredo...

Assim vamos seguindo disfarçados pacientes,

para não dizer, agentes hipócritas, Fariseus,

tá bom, estou acabando, antes que um surte;

nossas virtudes imaginárias são deprimentes,

orações virtuais pra o homem, não para Deus,

afinal, Deus parece-nos tão distante, não curte...