Isadora
Isadora foi-se embora
Com o dinheiro da casa,
Não a vi nem em
Penumbras levianas.
Ah! Isadora esperta
Cadê o didim do jantar?
O que vestirei agora?
Essa Isadora vive me passando a perna,
Não posso piscar os olhos
Que já sinto falta de equilíbrio no bolso.
Um dia ainda pegarei ela,
Mas se bem que dessa leveza
De sorrisos prateados
Só me sobram bijuterias.
Ah, Isadora! Ah, Isadora!
Essa tua máfia é mais visível
Que gota de anil!
Agora estou sem casa e na rua,
E tu ai, rindo do meu desespero.
Ah, Isadora de sorte!
Durmo hoje na saudade
Dos teus beijos ardentes,
Mas vai, vai para longe.
Que a distância me faça
Perdoar teus erros insólitos,
Mas vai-te e não volte
Para ouvir perdão.
Teresina, 2015.