Arrebol do sertão

Nas terras auríferas

Nas beiradas do riacho do Incó

Conheci um menino

Que fazendeirava garças,

Tantas quantas pudesse contar

No arrebol da caatinga.

O branco voante

Nas tardes ensolaradas

Não tinha limite,

Tinha infinitas hectares de ares...

Melhor seria medi-las

Em braças de liberdade

O menino que pertencia às Garças

Tinha ambição de nada,

Tentava somente adivinhar o destino

Da próxima revoada...

E se encantava com as coreografias

Das brancas Garças

No céu azul do sertão

Mais que sua criação voadora

Ele criava os destinos,

Os sonhos das Garças...

E nas noites enluaradas

Sonhava com a liberdade.

As garças e o menino

Todo dia se encontravam

Nas juremas e nos açudes

No entardecer da caatinga.

Ele e outros garotos

Criavam os cenários

Dos voos das garças

Nas nuvens raras

Do céu azulado do sertão.

Aquele menino

Não tinha nada...

Mas tinha todas as garças.

Brincava de voar

E amava a liberdade

Do branco das garças

No azul da paisagem.